terça-feira, 24 de maio de 2011

Como melhorar o desempenho dos trabalhadores angolanos nas empresas.


 Estas linhas surgem a devido a um debate radiofónico numa das radios de Luanda, em relação ao trabalhador angolano, por ocasião da comemoração do dia 1 de Maio dia internacional do trabalhador, penso eu. A questão é – Como melhorar o desempenho dos trabalhadores angolanos nas empresas.

Fala-se muito sobre a falta de capacidade, a falta de vontade de trabalhar, a falta de desempenho profissional dos trabalhadores angolanos, normalmente atribuem-se todos os adjectivos negativos a estes, justificando-se assim a preferencia pelos espatriados. É bem verdade que lá no fundo quem assim procede tem a sua dose de razão, porque entre nós, há os que simplesmente não trabalham.
Tambem é bem verdade que devemos trabalhar com toda dedicação e espirito de sacrificio, independentememnte das compensações dos incentivos remuneratorios, devemos trabalhar para o nosso desenvolvimento profissional e o desenvolvimento da empresa e do país.

- Mas será que alguem gosta de trabalhar, simplesmente por trabalhar?

Eu não, e acho que mente quem dizer o contrario ….

- Não seria bom não ter-mos que trabalhar se assim fosse possível?

Se sim então admitimos que o ser humano tem uma pré-disposição para fazer aquilo que da o apraz que o da prazer. Deleitar – se em fazer coisas que o agradam, e definitivamente não é trabalhar que as pessoas gostam de fazer pois o esforço envolvido para realizar o trabalho, não da prazer, da prazer sim o resultado do esforço o resultado do trabalho.

Então, trabalhamos para que com o seu resultado, possamos disfrutar do bem que ele nos trás, por outras palavras, trabalhamos para que com o que ganhar-mos possamos resolver os nossos problemas, desde os mais básicos dos problemas dos ‘’ primatas’’ como matar a fome (comer), abrigar-mo-nos do sol, frio, chuva, vento, na noite protegermo-nos dos animais ferozes, etc, aos luxos dos tempos modernos, como ter uma mansão na praia, outra no campo, outra na cidade, ter um jacto particular, um yate, viajar para o Nova yorque, Paris, Dubai para fazer compras de grandes marcas internacionais, comer sushi e outras petas em restaurantes internacionais de luxo, nas praias do caribe ou no Havai, etc.

Portanto, em angola como no mundo inteiro, ninguem trabalha só para o desenvolvimento profissional, trabalhamos para ganhar dinheiro. Isso quer dizer ganhar dinheiro para poder comprar uma casa, comprar um carro, levar os filhos a escola, comer, dormir, tratar da saúde, e ainda sobrar uns tostões para no final do ano poder fazer uma viagem para ir ver o outro lado do oceano. Ali sim, estariamos a trabalhar por puro prazer, para o desenvolvimento profissional, para o crescimento da nossa empresa, para o crescimento do nosso pais. De outra forma, a trabalhar para ‘’sobreviver’’ diriamos até para tentar sobreviver, – porque muitas vezes o salário que se ganha nem para sobrevicer dá –, não vamos conseguir que as pessoas se empenhem e se sacrifiquem pelo trabalho.

Senhor empregador, se ainda não olhou para a folha de salário da sua empresa e se questionou – Como o senhor João, aquele da manutensão vive, com um salario de 300,00 dólares por mês? - Talzez o seu cão de guarda lhe gaste mais –, Quando ele tem 3 filhos que estudam numa escola do ensino de base, que as veses não se sabe se é pública ou privada, que tem de cuidar da saúde da familia, alimentação, arrendamento da casa, transporte, …então rebusque no seu interior onde esta a aquele sentimento puro que se chama sensibilidade. …. Como ‘’sub-vive’’ o seu funcionario à quem quer exigir resultados altos sem formação, pontualidade, assiduidade, quando ele as vezes tem de faltar ao serviço para ganhar um extra a fim de cubrir algumas dispesas da familia que o salario não pode fazer?

Senhor empregador, se quer resultados na sua empresa, contrate um trabalhador espatriado, a quem a partida terá que garantir uma moradia mobilada, com água e luz eléctrica, o mais próximo possivel da empresa, viatura, um escritorio limpo e bem arrumado, apetrechado com todo equipamento, onde não falte luz e agua, não falte papel, tinteiros... Ali sim terá um funcionario a quem se deve exigir os resultados, pois este apartida tem todas as condições aínda que básicas para trabalhar sem ter que pensar em como vai para casa? O que vai comer? Será que tem água em casa? Luz? Gás?

Vou falar de um caso real numa certa empresa de ‘’direito angolano’’.

O empregado espatriado, logo que chega ao país, antes mesmo de começar a trabalhar tem direito a uma casa mobilada onde só precisa levar a sua mala de roupa, viatura que nem se quer tem de se preocupar em trocar o pneu, pois quando isso acontece basta ligar para o departamento de patrimonio da empresa e lá vai alguém para servi-lo, almoços por conta da empresa, com direito a férias e viagens em cada três meses de trabalho, para não dizer mais, … com cargo de Director, para dirigir um ou dois trabalhadores nacionais. E pior aínda, para controlar o fundo de maneio da empresa, de menos de Usd 50.000,00. Com estas condições, eu até dormia no serviço se me fosse pedido.

Por outro lado, o trabalhador nacional que executa um trabalho tecnicamente mais exigente, depois de ter provado a sua competencia, oferecem-lhe um cargozinho de chefia, para o manterem na empresa mais algum tempo, impõem-lhe uma fase esperimental de 6 meses com a promessa de lhe atribuirem uma viatura no final, mas com uma condição, extruir o trabalho a uma funcionária nova.

No final dos 6 meses o que vai acontecer é o seguinte: Se a funcionaria nova aprender o trabalho, passam a ter alternativa, dispensam-no por uma razão infundada, e é atirado num canto qualquer. Agora, so lhe resta duas alternativas: ficar alí humilhado todos os dias ou pedir demissão. Demissão se encontrar logo um outro emprego, se não só lhe resta a humilhação.

Meus senhores, pensam que somos masoquístas, com a vida que temos,  a viver nos bairros lamacentos, sem luz sem água, sem estrada, com baixos salários, querem que eu me esforce, me sacrifique pela empresa?

 O estado, onde está? O ministerio do trabalho emprego e segurança social, onde está?

Reflitam…

Mahezu

Felismino Cawende